segunda-feira, 20 de julho de 2009

Viver do Amor - Chico Buarque

Pra se viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
- como um funcionário

Há que penar no amor
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador

Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho

É por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que o amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar
É iluminar a dor
- como um missionário.
Ilusões são passageiras, o que fica são as des-ilusões. Marcadas a ferro e fogo, ferida que abre no coração.
Sentimento impuro, responsável por lágrimas amargas, olhos inchados, olheiras profundas.
E a dor, indescritível, incontrolável, indesejável.
Escancara o peito, expõe a vida, sufoca o amor.
Irracionalidade desmedida, palavras banhadas em fel. Mentira, falsidade, rispidez.
Não desejo o mundo, não desejo o impossível.
Prefiro verdades tristonhas a mentiras risonhas acompanhadas de um abraço sufocante.
Sufoca a dor. Sufoca o amor. Sufoca.
Sufoca.
Ar! Preciso de ar! Ar...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Tricotando idéias...

É sempre bom tirar o pó da mobília que fica esquecida por um tempo no canto da casa. Assim, cá estou, tentando reanimar o blog que ficou abandonado durante alguns meses por falta de tempo, inspiração, motivação e mais do que tudo: ânimo de/para escrever.
A ociosidade das férias sempre acaba me trazendo para próximo do velho e sempre presente monitor para relatar algumas angústias, dúvidas, euforias, decepções, melancolia, nostalgia... seja lá o que for! E dessa vez não podia ser diferente.
Ontem aprendi a fazer tricot. E enquanto brincava com as agulhas, entrelaçando a lã esverdeada, pensava que a vida é como o cachecol que eu tecia. Ela está aí, toda entrelaçada, misturando sons, cores, pessoas, que fazem do "todo" muito mais bonito.
No entanto, quando se esquece de um ponto, quando desapercebidamente deixamos que ele escape da agulha, permitimos que um grande buraco seja feito. E são muitos os buracos da vida... uns maiores, outros menores, mas são muitos!
Mas o mais gostoso é depois de pronto, quando olhamos para todo o trabalho e percebemos que vale a pena todo o tempo envolvido na "arte de fazer", todo o empenho pra entrelaçar tudo (e todos)... se enrolar, se aquecer, confortar!